Tratamento de esgoto e combate ao COVID- 19


Atualmente existem 100 milhões de brasileiros sem acesso à coleta de esgoto. Em números por grandes cidades, isso significa dizer que, pelo menos 36 municípios das 100 maiores cidades do país, têm menos de 60% da sua população assistida com esse serviço básico.


A vulnerabilidade dessa parcela da população, que já está exposta à outros tipos de doenças como dengue, malária e leptospirose, se agrava ainda mais no atual contexto da Covid-19; dada a possibilidade da transmissão comunitária do vírus por meio do esgoto não tratado ou pela água contaminada. Em estudos recentes publicados pela Revista científica Lancet Gastroenterol Hepatol (Abril/2020), pacientes contaminados com o novo coronavírus apresentavam, em pelo menos 50% dos casos analisados, a presença do RNA viral em suas fezes. Sobre o estudo, o professor Paulo Eduardo Vieira, do departamento de Engenharia da UFRN, destaca:


“ Com a recente descoberta que o SARS-CoV-2 permanece nas fezes dos pacientes e em amostras de esgoto, demonstrando a possibilidade de transmissão do vírus pela via feco-oral, aumenta a preocupação sobretudo nos lugares com carência na infraestrutura de esgotamento sanitário, pois nestes locais os recursos hídricos, geralmente, são receptores de esgotos não tratados e portanto, existe a possibilidade de encontrar o novo coronavírus nos cursos de água com risco de contaminação através da recreação de contato primário (onde há contato direto e prolongado com a água) ou através do uso consultivo (retirada) desta água sem o devido tratamento.”


O professor também elucida que, para zonas rurais ou periféricas, a situação da transmissibilidade é ainda mais preocupante, uma vez que com menores índices de abastecimento de água e tratamento de esgoto, a população se sente obrigada a adotar soluções mais simples – e precárias – para o abastecimento de água ou disposição de seus excrementos, sendo que em algumas localidades as pessoas sequer possuem banheiro em suas habitações.

Rio Grande do Norte


O contexto da coleta e tratamento de esgoto no Rio Grande do Norte ainda é um ponto para se ter atenção. Segundo dados de 2019 da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), Natal, capital do estado, tem 36,78% de coleta de esgoto e, deste, 51,91 é tratado.


O mapeamento, que afere o percentual da população das cidades brasileiras com acesso aos serviços de coleta de esgoto, gestão de resíduos sólidos e abastecimento de água, também apresenta dados referentes aos municípios de Mossoró, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante:



Em uma visão panorâmica sobre o Nordeste, números do ano de 2018 do Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento, apontam a região como a segunda menos favorecida no tratamento de esgoto, com um percentual de atendimento de 28%, contra 53,2% da média nacional.

O que tem sido feito


As universidades e núcleos de pesquisa científica tornaram-se aliados indispensáveis na luta contra o Civid-19 no contexto da manutenção do saneamento.


A UFRN, desde 2015 atua na capacitação e assessoria técnica de 86 municípios na elaboração dos Planos Municipais de Saneamento básico, documentos que habilitam essas localidades a receberem verbas Federais para empreendimentos do setor.

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