Brasil registra 40 mil internações por ‘doenças do saneamento’ em 3 meses

Foto: Trata Brasil


Apenas no primeiro trimestre de 2020 o Brasil já registrou mais de 40 mil internações no Sistema único de Saúde (SUS) por doenças relacionadas à falta de infraestrutura de saneamento básico. Os dados foram apontados por um estudo realizado no início de Junho pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES).


As últimas informações disponibilizadas sobre internações hospitalares por ‘doenças do saneamento’ eram do ano de 2016, no ano ocorreram166,8 internações para cada 100 mil habitantes, totalizando 346,5 mil, segundo o IBGE. Para chegar aos dados dos primeiros 3 meses de 2020, a Abes levou em consideração as infecções por transmissão feco-oral ocorridas em ambientes de estrutura inadequada de saneamento. As principais doenças relacionadas às internações foram: cólera, febres tifóide e paratifóide, shiguelose, amebíase, diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível e outras infecções gastrointestinais.


As internações no primeiro trimestre do ano geraram uma ocupação de em média 4,2% dos leitos do SUS (13 mil instalações) e custaram 16,1 milhões aos cofres públicos, sendo que pelo menos 7,36 milhões (46% do valor total) foram destinados para a região Norte do país, onde se encontram os menores índices de abastecimento e tratamento de água e esgotamento sanitário.


Em nota à imprensa, o presidente da ABES, Roberval Tavares de Souza, traçou um paralelo entre as internações ocasionadas por doenças típicas da falta de saneamento e o número de leitos disponíveis para o tratamento da COVID-19: Saneamento público é saúde. Cidades com índices melhores de saneamento têm incidência menor dessas doenças. Por isso, nós sempre conectamos os dois temas nos estudos. Se tivéssemos mais saneamento, teríamos menos doenças e, consequentemente, mais leitos disponíveis para atender pessoas com Covid. Se tivesse ocorrido avanço no saneamento nos últimos anos, com certeza o número de mortes por coronavírus no Brasil seria menor, pois esses leitos seriam ocupados para salvar vidas.”

Prevenção


No Brasil são mais de 35 milhões de pessoas sem o acesso à água tratada e 100 milhões sem acesso à coleta e tratamento de esgoto. As maiores consequências desse cenário recaem sobre as famílias de baixa renda, que residem em locais com maior risco de contaminação feco-oral –graças as baixas condições sanitárias de abastecimento de água e descarte de dejetos- e maiores índices de transmissão de enfermidades causadas pelos vetores como mosquitos (principalmente o Aedes aegypti responsável pelas principais arboviroses), ratos e baratas.


Para evitar a contaminação por essas doenças existem uma série de medidas de prevenção que podem ser adotadas, entre elas estão:

  • Elimine os focos de água parada: em caso de reservatórios próprios como cisternas ou caixas d’água externas, o recomendável é que esses locais permaneçam fechados e sem acúmulo de lixo nas proximidades;
  • Limpe canaletas externas e ralos;
  • Remova o lixo de onde há circulação de pessoas;
  • Não jogue entulho e lixo nas ruas: o descarte inadequado de resíduos sólidos dificulta a passagem da água em casos de chuva e pode resultar em enchentes, contaminação de rios e córregos e no aumento de locais de foco de vetores;

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